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FILHOS ADOLESCENTES!

Por Ananda Pinheiro

 

A controladoria jurídica chegou para trazer inovações aos escritórios de advocacia, departamentos jurídicos e advogados autônomos, os apaixonados pela gestão jurídica já sabem todos esses e mais tantos outros conceitos e benefícios de cor e salteado, então não vamos nos ater aqui ao conceito de controladoria. 

Portanto, partindo do princípio que já se sabe tudo que uma controladoria bem implantada proporciona ao escritório, como menciona Clóvis Padovezi em seu livro Controladoria Estratégica Aplicada, “A missão da controladoria é assegurar a eficácia da empresa pela otimização de seus resultados”, é preciso falar mais sobre o que acontece nos bastidores, o que acontece de verdade nos desafios e sufocos que as equipes de controladoria jurídica enfrentam quando estão realizando a implantação constante das atividades de controladoria. 

Uma controladoria jurídica não se forma de um dia para a noite, é preciso realizar um bom planejamento, ter paciência e inteligência emocional antes de qualquer coisa, porque a equipe resiste e se incomoda com qualquer nova rotina proposta, ou até com a cobrança de uma rotina que está cansada de ser feita, a verdade é que a maioria das equipes de produção jurídica dizem que estão abertas à controladoria jurídica, mas na prática resiste a todas as ideias propostas. 

Por isso me vem à mente um filho adolescente, que diz que ama o cuidado dos pais, mas não se dispõe a fazer nada que os pais solicitam, então a equipe de controladoria jurídica se vê muitas vezes como uma mãe que só quer mandar o tempo inteiro, quando a intenção nunca foi essa. 

Reclamações de como a controladoria comunica, reclamações de como a controladoria cobra, como a controladoria treina, viram rotineiras, e com o tempo essas falas atrapalham o trabalho tão bem intencionado que a equipe de controladoria se propôs a fazer e que antes de tudo os gestores aceitaram que fosse feito, e muitos Controllers se questionam: será que somos tão ruins assim?

Por isso peço licença para te dar essa resposta: não, vocês não são!

A controladoria jurídica pode e deve exigir que as rotinas sejam cumpridas, que novas tarefas sejam propostas, é o papel dela cuidar e prezar pela qualidade do que chega até o cliente, ela só precisa saber lidar com filhos adolescentes. 

E como isso acontece? Cedendo a tudo que eles pedem? Desistindo de um trabalho que vem avançando com os dias? 

Isso acontece ganhando a confiança da equipe a cada nova reclamação, o cliente da controladoria jurídica é o advogado de produção jurídica e se os clientes estão insatisfeitos alguma coisa precisa ser revista, priorizando ouvir a realidade da produção jurídica e buscando entender quais dos questionamentos levantados realmente fazem sentido, e dentre os pedidos ou reclamações feitas quais a controladoria pode abrir mão e quais a produção jurídica pode se comprometer em fazer. 

A gestão da controladoria jurídica dentro dos escritórios de advocacia é uma via de mão dupla, a controladoria propõe e a equipe faz, a equipe reclama e a controladoria revê as propostas, a controladoria retorna com novas ideias e a equipe se compromete a fazer. 

E sempre será assim, o amadurecimento da equipe e a implantação da controladoria jurídica é um trabalho constante, assim como um filho adolescente não pode desistir até que ele entenda que tudo é feito e pensando para o bem do escritório e da entrega final ao cliente. 

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