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Comunicação para Inovação: queremos falar ou queremos ser ouvidos?

 

Por: Juana Sarno Novais

 

Recentemente fui impactada por uma informação:

Diariamente pronunciamos uma média de 16 mil palavras! Eu descobri isso lendo o artigo escrito por duas pesquisadoras brilhantes. O título também prendeu minha atenção: “Agilidade emocional.”

 

E aqui aviso: este texto pode causar efeitos colaterais no dia seguinte.

 

Quando somamos essas duas informações no nosso cérebro já cansado podemos ficar com uma sensação de mais exaustão.

Dezesseis mil palavras diárias? Agilidade emocional? Mas dá tempo de sentir alguma emoção em meio a tanta informação?

 

Um caminhão diário de 16 mil dizeres que mesclam entre palavras formais, informais, palavras que direcionamos ao ambiente profissional, familiar, escolar e centenas de outros ambientes.

 

Sendo no Judiciário então, palavras que demandam mais concentração ou palavras que podem ser ditas de um lugar mais confortável; palavras relevantes que podem mudar a vida de um cliente e palavras de afago escritas no meio da tarde. São, em média, 480 mil palavras por mês, mesmo se você gosta de estar mais silencioso num domingo chuvoso.

 

Susan David e Christina Congleton são as pesquisadoras e autoras do artigo e elas explicam minuciosamente como podemos proceder para alcançar essa tal “Agilidade emocional,” cujo objetivo, segundo elas, é: enfrentar os obstáculos da vida com fluidez.

 

Gostei da promessa. Quem não quer fluidez nas duras “quinas” diárias?

 

Este artigo marcou-me positivamente e ficou repercutindo na minha mente durante semanas. Isto porque a minha leitura coincidiu com o convite que recebi do “Advogados Gestores” para me tornar colunista.

 

Pensei: se todos nós já pronunciamos essa média de 16k de sopa de letrinhas, como eu posso agregar com palavras que sejam um descanso pra quem lê?

E mais: como posso juntar palavras que levam a um descanso mental, enquanto conto sobre Inovação Jurídica?

 

Depois de alguns dias, o número deixou de me causar ansiedade e me trouxe o oposto: calma.

 

Se temos a bendita estrondosa quantidade, que ela seja utilizada de forma inteligente para benefício de quem nos ouve e nos lê.

 

Ao invés de enviar um e-mail com o título “cobrança,” envie “proposta de quitação.”

Ao invés de dizer “você tem uma dívida,” diga “tenho 2 opções de solução para o seu caso.”

Ao invés de dizer “vou corrigir seu texto,” diga “quero sugerir um ajuste.”

 

Se você quer aderir à Inovação Jurídica, é preciso descer do pedestal e isso começa pela comunicação. Que as palavras sejam muitas ou poucas, mas que sejam claras. Diariamente. No meio dos 16 mil dizeres. E no dia seguinte: tudo de novo.

 

A gente sempre quer retornar ao pedestal em um determinado momento do dia ou da vida. Desça de novo, finalize a hierarquia – ao menos durante aquela reunião – esteja aberto e acessível ao outro. Vejo grandes acordos serem firmados num lugar de equidade, equilíbrio, ombro a ombro, sem alturas discrepantes e com palavras que se conectam.

 

Percebi que a Inovação Jurídica anda de mãos dadas com o conceito de Susan e Christian, pois busca a fluidez. Busca entender e ser entendido. Busca ser um descanso da tradição através de ajustes mentais.

 

Não se espante se este pequeno texto te causar o efeito colateral advertido: um pouco mais de silêncio nas 24 horas seguintes e, ao acordar, mais doses de afeto ao escolher o que dizer.

 

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