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Como aplicar a humanização em tempos de processos de robotização

 Por Allana Martins

 

O alerta de spoiler para este artigo é que vamos abordar temáticas de soft skills, impactos da tecnologia, gestão e não seremos exaustivos nas descrições, haja vista que as inovações e ferramentas surgem constantemente e consequentemente estamos sempre aprendendo com esta evolução em trocas de aprendizados.

 

O termo humanização se encaixa na premissa de que o óbvio precisa ser dito. Evidente que como seres humanos e sociais, aplicamos nossas características em todas as relações, seja com nossos pares, gestores, clientes e núcleos pessoais. Porém, em tempos de robotização precisamos relembrar que, em meio a tantas automações de atividades, impactos de inteligência artificial em vários nichos, criação de novas atividades e profissões, nossos destaques estão no que somos e nos nossos valores.

 

          Muito se fala sobre a substituição por robôs. Porém, a visão deve ser focada para a colaboração entre humanos e máquinas, pois ambos têm suas virtudes potencializadas se caminharem juntos. Conforme mencionado pela Martha Gabriel em seu artigo do Linkedin “Inteligência Artificial vs Inteligência Humana: porque together is better: Não adianta tentar competir com as máquinas naquilo em que elas são melhores do que nós: perderemos sempre. Precisamos abandonar comportamentos humanos repetitivos – braçais ou mentais – que podem ser facilmente substituídos por máquinas e nos dedicar a desenvolver as habilidades humanas em que somos melhores do que elas.”

 

          Os insights que podemos fazer de análises como essas são:

 

  • Não devemos temer que os robôs nos substituam, mas devemos aprender como melhorar nossas funções para que a IA nos auxilie na execução, com otimização de custos, tempo e fluxos;

 

  • Além de aprendermos com a tecnologia, também ensinaremos estas sobre o que fazer, como deve ser feito e dosar as intensidades e diretrizes de suas aplicabilidades;

 

  • Os sentimentos são essencialmente humanos. Por mais que já existam pesquisas para treinar as inteligências artificiais a responderem de forma personalizada e imputarem emoções em suas tratativas, essencialmente a naturalidade partirá dos humanos. Se os robôs precisam de nossas interferências para aprender, o sentir é nosso;

 

  • A regulamentação dos limites de desenvolvimentos de robotização e a legislação aplicável são pontos de atenção e necessários no decorrer dos avanços, para dosimetria de suas utilizações. Isso não significa que testes não possam ser aplicados, cabendo caminhar paulatinamente;

 

  • Questões práticas como direitos autorais, interações on-line, inclusive pela comunicação com a IA generativa, privacidade e proteção de dados, multidisciplinariedade de equipes e ética, são essenciais para prosseguimento da robotização. Cada contexto deve ser analisado por vieses individualizadas, considerando o escopo de atuação e inteligências envolvidas;

 

  • Entendermos que a Inteligência Artificial não é uma ferramenta neutra, mas vinculada a inputs e dados, é primordial para termos atenção e cautela no manuseio e no seu uso. As criações próprias e nativas dos humanos não serão substituídas pela IA, pois são exemplos de nossa capacidade de criação. Podendo ser aprimoradas por estas no processo de cocriação no que for aplicável, conforme vieses e finalidades;

 

  • Estarmos disponíveis e com a mente aberta para nos permitir entender os benefícios das tecnologias em nosso cotidiano, como agilidade nas execuções das tarefas, maior visibilidade de dados abertos pelo open justice, integração de sistemas, desenvolvimento de melhorias nas plataformas, novo caminho para a acessibilidade das ferramentas e compreendendo que o futuro é permeado de possibilidades. No entanto, buscando entender que os impactos e as nuances envolvidas nessa temática são o presente. O que atualmente pode ser visto como diferencial tende a se tornar pulverizado e necessário como funcionalidade prática no corporativo e na capacitação de profissionais.

 

Ao refletirmos sobre a vinculação da robotização em nossas dinâmicas de trabalho, cabe-nos intensificar o desenvolvimento das soft skills de criatividade, autoliderança, organização, curiosidade, comunicação, resiliência, empatia, inteligência emocional, pró-atividade, escuta ativa, autenticidade e individualidade; pois conjuntamente vão impactar em nossas atividades, assim como nas formas de lidarmos com a IA. Todos esses aspectos intensificam nossa humanização.

 

Intrinsicamente ao abordarmos esse aspecto, estamos lidando com a gestão de pessoas e demandas. Considerando que a automação pode nos desafogar de atividades repetitivas, estaremos focados na percepção dos times, melhorias nos processos, possibilitando o foco em saúde mental, valorização, engajamento e entregas mais eficientes para os envolvidos. Trata-se de utilizar a tecnologia a favor e não como competidora!

 

Não há fórmula pronta, cabendo a cada organização entender seus níveis de maturidade, ferramentas e metodologias disponíveis e que façam sentido aos participantes dos projetos. Mas ter o início com regular acompanhamento das etapas é fundamental para o sucesso da evolução de utilização da automatização.

 

Na frase atribuída a Viktor Frankl: “Ser humano significa ser consciente e ser responsável”. São características natas e que não poderão (a nosso ver atualmente) ser atribuídas às máquinas. Mais uma vertente de que as pessoas são norteadoras dos desenvolvimentos da robotização e que as máquinas não poderão seguir sem os comandos dos humanos.

 

Que a tecnologia por meio da robotização veio para ficar e a cada dia expande, não é novidade. Que os humanos cada vez devem estar mais humanizados, também não. O desafio consiste em equalizar essas premissas para que ambos sejam aliados, respeitando os limites das interações e seus espaços no ecossistema de inovação.

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